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A organização da COP 30, que terá lugar no coração da Amazônia, em Belém, representa uma oportunidade única para o Brasil consolidar o seu compromisso com um caminho de sustentabilidade e preservação ambiental. No entanto, a organização deste evento põe em evidência uma tensão profunda no centro das orientações estratégicas do país, revelando uma dinâmica complexa entre o desejo de Brasília de se posicionar como uma superpotência nos setores petrolífero e agrícola e o imperativo de salvaguardar o seu patrimônio natural, que alberga quase 20% da diversidade biológica mundial e desempenha um papel importante na regulação do clima do continente.
Esta contradição insere-se num contexto mais amplo de compreensão das questões ligadas ao capital ecológico e epistemológico do território brasileiro, de que a Amazônia é um caso emblemático. Percepções errôneas herdadas das representações coloniais (inferno verde/floresta virgem) influenciaram por muito tempo a exploração e o "desenvolvimento" do bioma, levando a uma desvalorização de seus povos e recursos. Essas questões podem ter repercussões no planejamento e desenvolvimento regional no período que antecede a COP 30. A cidade de Belém, com suas fragilidades estruturais e ecológicas, enfrenta um grande desafio: acolher de forma sustentável entre 60.000 e 80.000 participantes.
A forma como o Brasil navegará por estas aspirações divergentes e gerirá as contradições acima referidas, por ocasião de um evento global como a COP 30, será um indicador-chave do seu verdadeiro empenho na preservação do seu patrimônio natural e da sua capacidade de conciliar os seus objetivos econômicos com os imperativos sociais e ecológicos locais, regionais e globais.
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